25 de Abril, uma revolução?
Ontem, no dia 25 de abril de 2023, o periódico Público deu o tom das comemorações do processo revolucionário que sacudiu por um momento a sociedade portuguesa. Eis o que escreveu Ana Marques Maia sobre os eventos ocorridos no Porto, há 49 anos:
A Avenida dos Aliados cheia de gente, sorrisos junto ao quartel na Praça da República, festejos, palmas e cravos na Rua do Heroísmo.
O seu texto é uma apresentação saudosista de uma fotogaleria intitulada “Olhares de abril”.
Destacamos daí quatro imagens do processo revolucionário – ocorrido entre 25 de abril de 1974 e 25 de novembro de 1975 – extraídas da Fotogaleria e uma quinta da Wikipédia, para ressaltar, na figura do general António de Spínola, a permanência da reação de modo a contrastar essa visão saudosista e suscitar a necessidade de pôr alguns pontos nos devidos “Is”.
Contudo, as imagens “não falam” por si sós. Por isso, estimulados com as imagens contrastantes, nada melhor para entender o que se passou há 49 anos em Portugal do que divulgar uma sucinta análise desse processo por quem se colocou à esquerda, numa posição efetivamente revolucionária. Elaborada na forma de “diálogo”, com uma concepção reformista predominante na esquerda portuguesa – e de resto, mundialmente – desde então. Eis a análise de Francisco Martins Rodrigues:
Por que essa vossa ideia fixa de pôr defeitos no 25 de Abril, insistir em que não foi uma revolução etc.? Vocês acabam por fazer causa comum com os reacionários, que não suportam o ataque aos seus privilégios pelo 25 de Abril.
A questão é essa: será que a ordem antiga foi realmente destruída ou apenas eclipsada temporariamente para “obras de beneficiação”? Pode falar-se em “destruição da ordem fascista” quando meio século de ditadura e cinco séculos de império colonial (dois recordes mundiais!) se desmoronam ao mesmo tempo e os seus chefes, ministros, agentes, capangas, não sofrem uma arranhadela? O 25 de Abril foi uma revolução ou um passe de ilusionismo?
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