IA, Trump e China: um comentário crítico
Com o provocativo título “Al going DeepSeek”, publicado no blog em 28 de janeiro de 2025, o economista marxista Michael Roberts mostra a falácia do governo Trump, que exaspera medida de Joe Biden como o Chips and Science Act, e aponta para algumas das fragilidades das Big Techs no campo da Inteligência Artificial. Evidencia, com o lançamento do modelo R-1 da DeepSeek, outra via de desenvolvimento dessa inteligência[1], destacando o fato de que a empresa chinesa, pasme-se, teve a mesma eficácia que o ChatGPT, com uso de chips mais antigos e lentos da Nvidia e teve custos de treinamento do modelo muito mais baixos que as rivais norte-americanas.
Trump inaugurou seu governo ladeado por representantes das 7 Big Techs, deixando claro o sentido da frase “Façamos a América ser Grande Novamente", usada durante a campanha presidencial. E já criou um polpudo fundo público para subsidiar as gigantes. A notícia do lançamento da DeepSeek e da corrida dos usuários para experimentar R-1 estragou a festa da extrema direita “democrática” (isto é, em seus termos, apenas a eleição periódica dos governantes).
Assinale-se, de passagem, o propósito explícito na repetição do slogan, de estabelecer uma identidade de Trump com Ronald Reagan, a qual iniciou, em 1980, a retomada do governo federal pelos republicanos. A implantação forçada do liberalismo econômico para fazer a América crescer economicamente significou o arrocho sobre os trabalhadores e limitações ao direito de greve. No plano internacional, Reagan trocou liberalismo pelo keynesianismo militar, mediante o qual precipitou o colapso da URSS.
Histórias e comparações à parte, estamos de acordo no geral com o texto de M.R. Ele é um economista marxista, porém o seu marxismo, literalmente, estanca na fronteira da exploração capitalista e da luta de classes entre capital e trabalho.
Fato é que a IA não pode expandir-se de modo abstrato, separada do ciclo econômico e das aplicações tecnológicas que permitam a acumulação de capital prosseguir, ou seja, aumentem a exploração da força de trabalho e assim valorizem os capitais investidos. A acumulação de capital acentua o acirramento da concorrência mundial, agravando os conflitos geopolítico-militares interimperialistas entre os EUA e a China.
Se quiser acessar a tradução imediata do texto de Michael Roberts clique aqui.
[1] O modelo das Big Techs é centrado na pesquisa e desenvolvimento de chips cada vez mais avançados, com direito proprietário restrito. A DeepSeek apostou no código aberto, convidando os programadores a explorar as possibilidades abertas pelo R-1. Esses modelos de IA funcionam mais como janela de propaganda na concorrência. A meta de todas as empresas, inclusive chinesas, consiste em construir um modelo de Inteligência Artificial Geral (General Artificial Intelligence), no qual máquinas aprendem com máquinas (o que ainda não existe). Este, contudo, não é o nosso foco no momento.